O número de casos de hemangioma infantil em bebês prematuros – cuja incidência sempre foi maior, assim como nas meninas – tem sido ainda mais frequentes, principalmente em gestações múltiplas. A observação é do responsável pela cirurgia plástica pediátrica dos Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, doutor Dov Goldenberg, especialista no assunto:

– Com mais casos de fertilização in vitro e inseminação artificial, cresce o número de gestações múltiplas e, consequentemente, de partos prematuros. E sabemos que a incidência de hemangioma aumenta em 30% a cada 500 gramas abaixo do peso.

A literatura médica mostra também que a incidência em meninas costuma ser de três a cinco vezes maior, o que reforça a preocupação com o lado psicológico em caso de sequelas estéticas, já que 60% das ocorrências são no rosto e na região cervical.

Tumor mais comum da infância, o hemangioma infantil, em geral, atinge 5% dos bebês e não tem causas definidas. Pode ser superficial e a maioria regride espontaneamente sem complicações, mas 20% necessitam de tratamento por apresentarem lesões maiores, úlcera, infecção, sangramento, riscos de deformidades ou de obstrução visual e respiratória.

A eficiência do tratamento minimiza uma possível deformidade e o seu potencial efeito psicológico no futuro. A alternativa com maior eficácia, segundo o doutor Dov Goldenberg, acaba de ser introduzida no Brasil. Trata-se de um betabloqueador específico para bebês de até um ano, que pode evitar que o tumor evolua de forma a obrigar uma cirurgia. Indicado para tratar pessoas cardíacas, a droga teve a sua eficácia descoberta por acaso na França, durante a sua utilização contra um dos efeitos adversos do tratamento do hemangioma com corticoide.

O doutor Dov Goldenberg lembra que o suporte psicológico aos pais é fundamental, mas que a indicação tem critérios objetivos:

– Ou seja, não se indica tratar a criança para alívio psicológico dos pais, apesar da pressão que obviamente existe por parte de alguns familiares. O médico tem um papel fundamental ao definir a necessidade de tratamento e dar apoio nos casos em que o tratamento não for imediatamente indicado, mantendo um acompanhamento constante do paciente.

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